ADEUS
É um adeus...
Não vale a pena sofismar a hora!
É tarde nos meus olhos e nos teus...
Agora,
o remédio é partir discretamente,
sem palavras,
sem lágrimas,
sem gestos.
De que servem lamentos e protestos
contra o destino?
Cego assassino
a que nenhum poder
limita a crueldade,
só o pode vencer a humanidade
da nossa lucidez desencantada.
Antes da iniquidade
consumada,
um poema de líquido pudor,
um sorriso de amor,
e mais nada.
Miguel Torga
[Cómo cantaba mayo]
.