POÉTICA
La poesía no nace.
Está allí, al alcance
de toda boca
para ser doblada, repetida, citada
total y textualmente.
Usted, al despertarse esta mañana,
vio cosas, aquí y allá,
objetos, por ejemplo.
Sobre su mesa de luz
digamos que vio una lámpara,
una radio portátil, una taza azul.
Vio cada cosa solitaria
y vio su conjunto.
Todo eso ya tenía nombre.
Lo hubiera escrito así.
¿Necesitaba otro lenguaje,
otra mano, otro par de ojos, otra flauta?
No agregue. No distorsione.
No cambie
la música de lugar.
Poesía
es lo que se está viendo.
Joaquín Giannuzi
A poesia não nasce,
está ali, ao alcance
de qualquer boca,
para ser dobrada, repetida, citada
total e textualmente.
Tu, ao acordar hoje,
viste coisas, aqui e ali,
objectos, por exemplo.
Viste uma lâmpada, digamos,
na mesa-de-cabeceira,
um rádio, uma taça azul.
Viste cada coisa de per si
e viste o conjunto.
Tudo isso tinha nome já.
Assim o escrevias.
Precisavas de outra linguagem,
outra mão, outros olhos, outra flauta?
Não acrescentes, não distorças,
não mudes o lugar à música.
Poesia
é o que está diante da vista.
(Trad. A.M.)