NOCHE DE ÁNIMAS
(A Karmelo Iribarren)
Desordenada mesa que es espejo
De un desorden más íntimo y acaso
Irremediable ya, mientras me alejo
Por una estrada oscura, paso a paso,
Hacia la última orilla,
Sin otro capital que mi fracaso.
Desordenada mesa, astrosa silla,
Libros que no abriré en altos estantes
Y una tenue bombilla
Presidiendo las horas vacilantes
En que toda esperanza se desploma
(la vida que soñé:
menuda broma).
Jon Juaristi
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Desordenada mesa, espelho
de uma desordem mais íntima, talvez
já irremediável, enquanto eu me afasto
por escuro caminho, passo a passo,
para a margem do fim,
sem outro capital senão o fracasso.
Desordenada mesa, cadeira arruinada,
livros que não abrirei em estantes altas
e uma lâmpada fraca
presidindo às horas indecisas
em que a esperança se desmorona
(a vida que eu sonhei:
uma piada sem importância).
(Trad. A.M.)