(E já vamos na página dezasseis)
E porque já vamos na página dezasseis, em atraso sobre o
momento em que os teóricos da escrita criativa obrigam ao início da acção,
vejo-me obrigado a deixar para depois estas desinteressantes e algo eruditas
considerações sobre cores e arquitecturas, para passar de chofre ao movimento,
ao enredo.
Na página três já deveria haver alguém surpreendido, amado,
ou morto.
Falhei a ocasião de “fazer progredir” o romance.
Daqui por diante, eu mortes e amores não prometo, mas
comprometo-me a tentear algumas surpresas.
E enquanto me apresso, vou protestando que houve um escritor
que demorou trinta magníficas páginas a acordar de um sono e outro que gastou
muitas mais a tentar demonstrar, fraudulenta mas genialmente, que a baleia é um
peixe...
MÁRIO DE CARVALHO
Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto
(1995)
__________________(1995)
Leituras:
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