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Coitado do Jorge (95)
UM ADEUS PORTUGUÊS- N.º 15
1.
Esquece, esquece, melhor esquecer.
Tu não estás bem, quer-me parecer.
Não estás bem, emocionalmente, nem estás bem, intelectualmente...
2.
Emocionalmente, porque estás instável, ora à frente ora atrás, à esq. hoje amanhã à dir., ontem sim hoje não.
Ziguezagueante, incerta, duvidosa, in-fiável.
Será pelo teu divórcio? Não percebi bem qd foi, nem como foi, litigioso ou não...
Foi horrível, sim, pelo pior motivo. Pode perdoar-se tudo, não o cinismo materialista, a cegueira do património, do vil metal...
Mas, foste enganada? Eu acho, brutamente, que foste burra.
Burra na escolha ('foste tu que o escolheste', dizia a minha sogra...) e burra porque não viste o que tinhas de ter visto (não me venhas dizer, como pretendes, que aquela marca não era originária, que a ganância veio com a idade)...
3.
Mas, intelectualmente, parece-me evidente, também não estás nada bem.
Não é só a tua acrimónia e desconforto visível com qq discurso mesmo que básico, desde que minimamente estruturado, logo repelido e rejeitado como intelectual, complexo, pretencioso.
É também, é principalmente, a tua manifesta incapacidade para compreender as mensagens mais simples e elementares, também elas postergadas por desconfiança, por receio, por dúvida ('mas o que quer este dizer', 'onde quer chegar', 'qual é a intenção'?...).
Caso de antologia foi o de eu enviar três mensagens sucessivas (cada uma delas clarinha como quê!...) e tu não entenderes patavina, ou seja, entenderes o contrário do que eu te dizia, mesmo a segunda e à terceira correcção.
A ponto, posso jurar, de que nenhum diálogo chegou ao fim, ficou sempre pelo caminho, no caldeirão da incompreensão e do mal-entendido.
4.
Santo deus, tudo isto é novo para mim (mas não devia...).
Afinal, eu estava enganado contigo, não agora, mas há uns anos!
Como foi possível?
Mas, se eu me enganei com a Ana, a Lena, a Lu, a Julieta, e antes de todas com a Estrela (tenho desculpa, com esta, tinha dez anos...), porque não me havia de enganar com a Arnestina, contigo?
Nem me apetece dizer mais nada, com franqueza.
E não digo.
Mesmo não tendo falado do 'défice cognitivo' (deixo o termo, apenas, pode ser que melhores e entendas, um dia).
Fico por aqui.
E fico muito bem.
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