SETIEMBRE
Mira setiembre nada se ha perdido
con fiarnos de las hojas.
La juventud vino y se fue, los árboles no se movieron.
El hermano al morir te quemó en llanto
pero el sol continúa.
La casa fue derrumbada, no su recuerdo.
Mira setiembre con su pala al hombro
cómo arrastra hojas secas.
La vida vale más que la vida, sólo eso cuenta.
Nadie nos preguntó para nacer,
¿qué sabían nuestros padres? ¿Los suyos qué supieron?
Ningún dolor les ahorró sombra y sin embargo
se mezclaron al tiempo terrestre.
Los árboles saben menos que nosotros
y aún no se vuelven.
La tierra va más sola ahora sin dioses
pero nunca blasfema.
Mira setiembre cómo te abre el bosque
y sobrepasa tu deseo.
Abre tus manos, llénalas con estas lentas hojas,
no dejes que una sola se te pierda.
Eugenio Montejo
Olha Setembro não se perdeu nada
com fiar-nos nas folhas.
A juventude veio e foi-se, e as árvores não se mexeram.
Teu irmão ao morrer queimou-te em pranto
mas o sol continua.
A casa foi derrubada, não a sua lembrança.
Olha Setembro com sua pá ao ombro
como arrasta folhas secas.
A vida vale mais do que a vida, só isso conta.
Ninguém nos perguntou para nascer,
nossos pais que sabiam? E os deles que souberam?
Nenhuma dor lhes evitou sombra e todavia
juntaram-se ao tempo terrestre.
As árvores sabem menos do que nós
e não se voltam ainda.
A terra gira mais só agora sem deuses
mas nunca blasfema.
Olha Setembro como te abre o bosque
e excede o teu desejo.
Abre as mãos, enche-as destas folhas lentas,
não deixes que uma só se te perca.
(Trad. A.M.)
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