NA HORA DO SILÊNCIO SUPREMO
Não haveria roubo, e há só o roubo,
há só a música, é lá que tudo ondeia...
Já li tudo, já fiz tudo (quem?).
Regresso, pois, à minha solidão.
Ouvir-me-ei até ao infinito.
Nós só falamos para nós próprios
e o tempo não existe, nem os outros.
Porque está tudo parado e aquele que escreve
é também eternamente escrito.
O seu passado é o Futuro de tudo,
ele a sombra de tudo o que há-de vir.
Manuel António Pina
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