27.9.10

Jorge Carvalheira (Nada sabemos, por enquanto)






Por enquanto nada sabemos do destino do homem que ali vai, em extremo concentrado no andamento das passadas que dá.

Vemos que marcha atento e cabisbaixo, no gesto de quem poupa energias.

Porém não tão atento que perca de vista o andador que lhe vai na dianteira, obra de poucos metros, nem tão pouco que possa este limpo luar de Fevereiro lavar-lhe de sombras a barbada face.

Nada sabemos, e dobrada razão é essa para atentarmos no leve pormenor, na mesquinha minúcia.



- JORGE CARVALHEIRA, As aves levantam contra o vento, Quasi Ed., 2007, início.




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