10.9.10
Oliverio Girondo (Não sou eu quem escuta)
NO SOY QIUEN ESCUCHA
No soy quien escucha
ese trote llovido que atraviesa mis venas.
No soy quien se pasa la lengua entre los labios,
al sentir que la boca se me llena de arena.
No soy quien espera,
enredado en mis nervios,
que las horas me acerquen el alivio del sueño,
ni el que está con mis manos, de yeso enloquecido,
mirando, entre mis huesos, las áridas paredes.
No soy yo quien escribe estas palabras huérfanas.
Oliverio Girondo
Não sou eu quem escuta
esse trote chovido que me atravessa as veias.
Não sou eu quem passa a língua nos lábios,
ao sentir que a boca se me enche de areia.
Não sou eu quem espera,
embrulhado nos nervos,
que as horas me tragam o alívio do sono,
nem o que está com as mãos, de gesso transviado,
olhando, entre meus ossos, as áridas paredes.
Não sou eu quem escreve estas órfãs palavras.
(Trad. A.M.)
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