17.6.10
Gabriel Celaya (Despedida)
DESPEDIDA
Quizás, cuando me muera,
dirán: «Era un poeta».
Y el mundo, siempre bello, brillará sin conciencia.
Quizás tú no recuerdes
quién fui, mas en ti suenen
los anónimos versos que un día puse en ciernes.
Quizás no quede nada
de mí, ni una palabra,
ni una de estas palabras que hoy sueño en el mañana.
Pero visto o no visto,
pero dicho o no dicho,
yo estaré en vuestra sombra, ¡oh hermosamente vivos!
Yo seguiré siguiendo,
yo seguiré muriendo,
seré, no sé bien cómo, parte del gran concierto.
Gabriel Celaya
[Cervantes]
Talvez digam, quando eu
morrer: “Era um poeta”.
E o mundo, belo sempre, brilhará sem consciência.
Talvez tu não lembres
quem eu fui, mas soe em ti
o verso anónimo que um dia pus em tosco.
Talvez não reste nada
de mim, nem uma palavra,
nem uma destas palavras que sonho hoje pela manhã.
Mas visto ou não visto,
mas dito ou não dito,
eu estarei na sombra vossa, ó formosamente vivos!
Eu continuarei a continuar,
eu continuarei morrendo,
serei, não sei bem como, parte do grande concerto.
(Trad. A.M.)
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