– Nonada.
Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem
não, Deus esteja.
Alvejei mira em árvores no quintal, no baixo do córrego.
Por meu acerto.
Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade.
Daí, vieram me chamar.
Causa dum bezerro: um bezerro branco, erroso, os olhos de
nem ser – se viu; e com máscara de cachorro.
Me disseram; eu não quis
avistar.
Mesmo que, por defeito como nasceu, arrebitado de beiços,
esse figurava rindo feito pessoa.
Cara de gente, cara de cão: determinaram – era o demo.
Povo prascóvio.
Mataram.
Dono dele nem sei quem for.
Vieram emprestar minhas armas, cedi.
Não tenho abusões.
O senhor ri certas
risadas...
Olhe: quando é tiro de verdade, primeiro a cachorrada pega a
latir, instantaneamente – depois, então, se vai ver se deu mortos.
O senhor tolere, isto é o sertão.
O senhor tolere, isto é o sertão.
JOÃO GUIMARÃES ROSA
Grande Sertão: Veredas
(1956)
Grande Sertão: Veredas
(1956)
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PDF: Stoa.usp
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