27.1.13

Paulo Moreiras (A taberna do Pasquino)





Alguns pingarolas e peraltas ainda permaneciam na beberrónia, na taberna do Pasquino, numa dolência parda, embalada pelo vinho de enforcado, especialidade da casa, entre outras pitanças que naquele antro de comes e bebes se podiam demandar; uns entretidos em animada perlenga, outros cascabulhando sortes ou azares em cima dos tampos de mármore das mesas por onde rolavam, barulhentos e prazenteiros, uns quantos dados de pintas no jogo do quinquenove.

Mais para o lado, à sinistra, ficava uma ampla sala de estar, própria para os femeeiros corrilhos, onde as luzes eram rarefeitas, não permitindo lobrigar quem por ali abancava; aí estanciavam três ou quatro conanas, cheios de mesuras e salamaleques, conversando cada um com a sua meretriz de eleição, enquanto bebiam copos de vinho e de capilé, num lascivo jogo de toca-e-foge; elas cheias de risinhos fáceis e eles ofertando miminhos galanteadores.


PAULO MOREIRAS
O Ouro dos Corcundas
Casa das Letras
(2011)

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