19.6.09

María Sanz (Homens ao natural)









HOMBRES AL NATURAL





Son seres grises,
inequívocamente masculinos,
que lo mismo me envían
algún ramo de rosas
con cuatro plenilunios de retraso,
que intentan sorprenderme
al llegar en su lata
(léase coche) último modelo
donde se sienten mágicos.


Seres brillantes,
portadores de un agua de colonia
que anuncia su presencia
con cuatro primaveras de adelanto;
hombres al natural, de calle y riesgo,
que buscan evadirse
llevándome a cenar. Puedo ingerirlos
antes de que caduquen,
pero se me indigestan
media hora después, y no merece
la pena estropear esa velada.


Madre Naturaleza,
los pones a mi alcance, y agradezco
tus sabias intenciones.
Pero yo siempre he sido
inequívocamente femenina,
y declaro ante ti que cada vez
es mayor la distancia que nos une.



María Sanz







São seres cinzentos,
inequivocamente masculinos,
que tanto me enviam
um ramo de rosas
com quatro luas de atraso,
como intentam surpreender-me
ao chegarem de lata
(leia-se carro) último modelo
em que se sentem mágicos.


Seres brilhantes
portadores de uma água de colónia
que lhes anuncia a presença
com quatro primaveras de avanço;
homens ao natural, de rua e risco,
que procuram escapar-se
levando-me a jantar. Posso ingeri-los
antes de caducarem,
mas dão-me indigestão
meia hora depois, e não vale
a pena estragar a noitada.


Mãe Natureza,
tu põe-los ao meu alcance e eu agradeço
tuas sábias intenções.
Mas eu cá fui sempre
inequivocamente feminina,
e ante ti declaro que é cada vez
maior a distância que nos une.


(Trad. A.M.)


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