15.10.22

Artur Cruzeiro Seixas (Era um pássaro)




Era um pássaro alto como um mapa 
e que devorava o azul 
como nós devoramos o nosso amor.  

Era a sombra de uma mão sozinha 
num espaço impossivelmente vasto 
perdido na sua própria extensão.  

Era a chegada de uma muito longa viagem 
diante de uma porta de sal 
dentro de um pequeno diamante.  

Era um arranha-céus 
regressado do fundo do mar. 

Era um mar em forma de serpente 
dentro da sombra de um lírio. 
Era a areia e o vento 
como escravos 
atados por dentro ao azul do luar.
 

Artur do Cruzeiro Seixas

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