18.1.21

José Hierro (Nuvens)

 


LAS NUBES

 

 Inútilmente interrogas.
 Tus ojos miran al cielo.
 Buscas, mirando a las nubes,
 huellas que se llevó el viento. 

Buscas las manos calientes,
los rostros de los que fueron,
el círculo donde yerran
tocando sus instrumentos. 

Nubes que eran ritmo, canto
sin final y sin comienzo,
campanas de espumas pálidas
volteando su secreto, 

palmas de mármol, criaturas
girando al compás del tiempo,
imitándole a la vida
su perpetuo movimiento.

Inútilmente interrogas
desde tus párpados ciegos.
¿Qué haces mirando a las nubes,
José Hierro?

 
José Hierro



Inutilmente interrogas.
Teus olhos olham para o céu.
Buscas, olhando as nuvens,
pegadas que o vento levou.

Buscas as quentes mãos,
os rostos dos que se foram,
o círculo em que vogam
tocando seus instrumentos.

Nuvens que eram cadência,
canção sem fim nem princípio,
sinos de branca espuma
fazendo rodar seu segredo,

palmas de mármore, entes
girando a compasso com o tempo
mimando da vida
seu perpétuo movimento.

Inutilmente interrogas
com tuas pestanas cegas.
Olhando para as nuvens,
que fazes tu, José Hierro?


(Trad. A.M.)

.