BIOGRAFÍA*
No cojas la cuchara con la mano
izquierda.
No pongas los codos en la mesa.
Dobla bien la servilleta.
Eso, para empezar.
Extraiga la raíz cuadrada de
tres mil trescientos trece.
¿Dónde está Tanganika? ¿Qué año
nació Cervantes?
Le pondré un cero en conducta si
habla con su compañero.
Eso, para seguir.
¿Le parece a usted correcto que
un ingeniero haga versos?
La cultura es un adorno y el
negocio es el negocio.
Si sigues con esa chica te
cerraremos las puertas.
Eso, para vivir.
No seas tan loco. Sé educado. Sé
correcto.
No bebas. No fumes. No tosas. No
respires.
¡Ay, sí, no respirar! Dar el no
a todos los nos.
Y descansar: morir.
Gabriel Celaya
Não pegues
na colher com a mão esquerda.
Não ponhas
os cotovelos na mesa.
Dobra bem o
guardanapo.
Isto, para
começar.
Extraia a
raiz quadrada de três mil trezentos e treze.
Onde é o
Tanganica? Em que ano nasceu Cervantes?
Dou-lhe um
zero em comportamento se falar com o seu colega.
Isto, para
continuar.
Parece-lhe
bem um engenheiro fazer versos?
A cultura é
um adorno e o negócio é negócio.
Se continuas
com essa moça fechamos-te a porta.
Isto, para
viver.
Não sejas
tão louco. Sê educado. Correcto.
Não bebas.
Não fumes. Não tussas. Não respires.
Ai, sim, não
respirar! Dizer não a todos os nãos.
E descansar:
morrer.
(Trad. A.M.)
> Outra
versão: Luz & sombra (José Bento)
*Há outro
poema de Celaya, com o mesmo título (aqui publicado):
Rua das Pretas
Rua das Pretas