Apetecia-lhe às vezes insultar todas as pessoas por quem passava, esbofetear homens e mulheres, velhos e novos, gritar-lhes na cara a sua raiva.
A fealdade da paisagem era, segundo ele, a fealdade das almas de quem se queria enganar, se deixava roubar e explorar fingindo que não era nada, que tudo o que os dominadores faziam era inevitável, como se fosse verdadeira a liberdade com que se enganavam.
Outros povos, muitos, tinham conquistado o direito a uma vida digna sem destruírem tudo à sua volta e sem se diminuírem moralmente.
PAULO VARELA GOMES
O Verão de 2012
Tinta-da-China (2013)
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