3.7.10
Joan Margarit (Professor Bonaventura)
PROFESOR BONAVENTURA BASSEGODA
Le recuerdo alto y grueso,
procaz, sentimental. Usted, entonces,
era una autoridad en Cimientos Profundos.
Inició siempre nuestra clase así:
«Señores, buenos días.
Hoy hace tantos años, tantos meses
y tantos días que murió mi hija».
Y solía secarse alguna lágrima.
Teníamos veinte años, más o menos,
y el hombre corpulento que usted era
llorando en plena clase,
nunca nos hizo sonreír.
¿Cuánto hace ya que usted no cuenta el tiempo?
He pensado en nosotros y en usted,
hoy que soy una amarga sombra suya
porque mi hija, ahora hace dos meses,
tres días y seis horas
que tiene sus profundos cimientos en la muerte.
Joan Margarit
Lembro-me de si alto e grosso,
descontraído, sentimental. O senhor era, então,
uma autoridade em Cimentos Profundos.
Começava sempre assim a nossa aula:
“Meus senhores, bom dia.
Faz hoje tantos anos, tantos meses
e tantos dias que morreu a minha filha”.
E costumava enxugar uma lágrima.
Nós tínhamos vinte anos, mais ou menos,
e o homem corpulento que o senhor era,
a chorar em plena aula,
nunca nos fez sorrir.
Há quanto é que o senhor não conta o tempo?
Pensei em si e em nós,
hoje que eu sou uma amarga sombra sua
porque a minha filha, faz agora dois meses,
três dias e seis horas
que tem os seus profundos cimentos na morte.
(Trad. A.M.)
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