8.12.09

Eugénio de Andrade (O amor)








O AMOR




Estou a amar-te
como o frio corta os lábios.


A arrancar a raiz
ao mais diminuto dos rios.


A inundar-te de facas
saliva esperma lume.


Estou a rodear de agulhas
a boca mais vulnerável.


A marcar sobre os teus flancos
itinerários da espuma.


Assim é o amor: mortal e navegável…



Eugénio de Andrade

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