O AMOR
Estou a amar-te
como o frio corta os lábios.
A arrancar a raiz
ao mais diminuto dos rios.
A inundar-te de facas
saliva esperma lume.
Estou a rodear de agulhas
a boca mais vulnerável.
A marcar sobre os teus flancos
itinerários da espuma.
Assim é o amor: mortal e navegável…
Eugénio de Andrade
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