24.11.09

Enrique Vila-Matas (Quarenta anos de luz)









(Quarenta anos de luz...)




Á saída do edifício, em plena rue de Rennes, ela entregou-me o papel e disse-me algo que não entendi absolutamente nada, parecia dito de propósito no seu francês superior.

Não entendi o que ela me dizia, mas sim o que estava escrito no papel.

Entendi perfeitamente que devia pagar mais de quarenta anos de recibos de luz, quer dizer, que não só devia pagar os consumos das luzes de boémia de Copi, Javier Grandes, o travesti Amapola, o cineasta Milosevic, a actriz de teatro búlgara, o amigo do mágico Jodorowsky, mas também me tocava pagar a conta da luz atrasada da Resistência francesa, a do camarada Miterrand nos seus tempos de águas-furtadas.



- ENRIQUE VILA-MATAS, Paris nunca se acaba, 113.