LARANJA
Alguém a deixou sobre
a mesa do jardim, a laranja.
Agora é um símbolo da
tarde, essa fruta
brilhando por entre o
confuso calor deste fim de dia
luminoso como uma
recordação amorosa da adolescência,
como a primeira
laranja,
como as mãos que cheiram
a laranja.
(Rodearam-na logo as
formigas, esvoaçaram
em seu torno mil
insectos, bailará a noite
em seu redor.) Mas
agora essa laranja na tarde
supõe uma ordem, um sentido, o centro gravitacional do dia.
Martín López-Vega
(Trad. Ruy Ventura)
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