(O maior murro que ainda levaram
queixos de homem)
Chegou a salvamento ao Rocio; aí,
porém, o aguardava um desastre que seria ignominioso, se a providência não
escolhesse um homem do Porto como instrumento de castigo.
Um homem do Porto, quando bate, honra sempre as costelas que quebra.
Sou insuspeito, aqui o declaro…
(…)
- Pois é para dar-lhe os agradecimentos que eu vim de Paris procurá-lo — disse
Bazílio; e atirou-lhe in continenti à cara um murro capaz de matar um elefante.
Henrique Pestana é ocioso dizer que deu um salto, como se o murro fosse um choque
de pilha eléctrica e caiu fora do passadiço.
Por instinto de defesa, ficou de costas, com as pernas ao alto.
Bazílio avançou para ele, ergueu-o pelas lapelas do casaco, sacudiu-o como quem
desperta um sonâmbulo, e, quando o viu acordado, estampou-lhe dois homéricos
pontapés, que o fizeram voltar ao ponto donde o deslocara o murro. (XVIII)
CAMILO CASTELO BRANCO
Aventuras de Bazílio Fernandes Enxertado
(1863)