NOCTURNAL
I knew a man once who wished he hadn’t been born.
He meant what he said.
He wasn’t a poseur.
In the few, radiant years I knew him
He never spoke for effect.
He said what he meant, I remember,
quietly, thoughtfully,
over tea and scrambled eggs on toast
on one of those perfect mornings
that always follows
a night of rapture.
He had the bright way of speaking
of those in the deepest despair.
He made himself a joy to be with.
He saw the funny side of almost everything.
I knew he had meant what he said
when he departed decorously
with sleeping pills and vodka.
No noose, no razor blades, no blood in the bath,
And nothing so wickedly inconsiderate
as a sudden plunge under an oncoming train –
he valued understatement.
I shan’t reveal his name.
He wouldn’t have wanted me to.
He really did prefer oblivion.
It was his chosen habitat.
Paul Bailey
Conheci em tempos um homem cujo desejo era não
ter nascido.
Era sincero.
Não se tratava de pose.
Nos poucos anos felizes em que o conheci
nunca o vi falar para impressionar alguém.
Lembro-me de que dizia o que pensava,
discreta e ponderadamente,
enquanto bebia chá e comia ovos mexidos com
torradas
numa daquelas manhãs perfeitas
que se seguem sempre
a uma noite de excitação.
Falava inteligentemente
como os que estão mergulhados no maior desespero.
Era um prazer estar com ele.
Via o lado divertido de quase tudo.
Eu sabia que falara a sério
quando recatadamente abalou
levando comprimidos para dormir e vodka.
Nada de cordas, lâminas, sangue na banheira
ou algo tão perversamente insensível
como atirar-se repentinamente para debaixo de um
comboio –
dava valor à moderação.
Não revelarei o nome.
Não gostaria que o fizesse.
Preferia realmente o esquecimento.
Fora o ambiente que escolhera para si.
(Trad. fjcc)