2.2.25

Georgina Ramírez (A modo de arte poética)




A MODO DE ARTE POÉTICA

 

 

No me gusta nombrar

la flor en el poema

me empalaga su aroma

de amor recién hecho

 

Ustedes quédense con las rosas

poetas

 

A mí

déjenme la espina

el olor a sangre

la herida.


Georgina Ramírez


No poema não gosto
de nomear a flor
enjoa-me o aroma
do amor de fresco

Ficai vós com as rosas
poetas

A mim
deixai-me o espinho
o cheiro a sangue
a ferida


(Trad. A.M.)



>>  Viaje inconcluso (10p) Altazor (6p) /Cardenal (5p) / Antonio Miranda (7p) /  Emma Gunst (5+2p) / La parada poetica (blogue) / Poesia en georgia (blogue) / Facebook

 

.

1.2.25

Jacob Iglesias (Mal-entendido)

 



MAL-ENTENDIDO

 

Não existe aquilo que ambicionavas.
De verdade só a ânsia não apaziguada
de o buscar, e tocar e jamais possuir.
Nunca viverás uma dessas vidas
que só te esforçaste a imaginar,
apesar de as recordares ao pormenor
como se as tivesses vivido.
Assume o mal-entendido, entrincheira-te
nos prazeres que te deste
para tornar a espera suportável.
E agradece, sem euforia, as migalhas
de alegria que encontras em cada dia.

 

Jacob Iglesias

(Trad. A.M.)

 .

30.1.25

Francisco J. Craveiro Carvalho (Tercetos-II)





Vendo como o conta-quilómetros do carro
rodava lentamente, mais se convencia
de que não ia chegar aos cem mil.


* 

(Empadão) 

O dono da casa a pensar já no resto
para um empadão. Os convidados 
a servirem-se outra vez e confiantes. 

* 

(Eterno Paraíso) 

Foi para aquilo que lhe serviram
as poupanças de uma vida.
Um quartinho no lar Eterno Paraíso. 

* 

(Porto-Lisboa) 

Na carruagem de 1.ª classe
duas subclasses:
Público & Correio da Manhã.


FRANCISCO J. CRAVEIRO CARVALHO
Abilene
(2023)

.

28.1.25

Isabel Fraire (Na Guatemala)

 



NA GUATEMALA
                      a fome reduz-nos à obediência 
chega o exército 
                      e queima as colheitas
                      depois de queimar vivas as crianças 
                      e os velhos
                      e as mulheres violadas
                      depois de fuzilar os homens um a um 

não fica nada
                      os que por acaso sobrevivem
                      não têm mais a que agarrar-se
                      entregam-se
                                              esperando 

                      de olhos baixos
                      os lábios cerrados
                      esperam há gerações 
                      esperam há séculos 

                      sabem esperar

 

Isabel Fraire 

(Trad. A.M.)

 .

26.1.25

Alessandro Parronchi (Em que pensas?)



A CHE PENSI?


— A che pensi? — La tua voce mi coglie
mentre guardo il paesaggio rispecchiato
sul buio della stanza. Per un poco
l’eco delle parole si sospende
al silenzio che le fa più gravi, poi:
— A che pensi? — E il tuo viso si fa triste
per sapere, indagare…
Penso ai giorni
d’aprile che non io ma un altro certo
ha vissuto come in sogno, ora richiusi
sigillati dietro un vetro trasparente
in un verde irraggiungibile deserto.
Penso a tutto ciò che sfugge dal presente.
Penso a quando sulla terra sarà come
noi non fossimo mai stati, a quel vibrare
delle tremule nell’aria, a quegli odori…

Alessandro Parronchi

 

- Em que pensas? – A tua voz apanha-me
a observar a paisagem reflectida
no escuro da sala. Por um pouco
o eco das palavras fica em suspenso
no silêncio que lhes dá mais peso, depois:
- Em que pensas? – E o teu rosto entristece,
a querer saber, a indagar…
Penso nos dias de Abril,
que não eu mas um outro por certo
viveu como que em sonhos, agora fechados
e lacrados por trás de um vidro transparente
num verde deserto inatingível.
Penso em tudo o que escapa ao presente,
penso em quando será neste mundo
como se nós não tivéssemos existido,
no vibrar da tremulina do ar, naqueles cheiros…


(Trad. A.M.)


>>   Italian poetry (5p) /  Wikipedia

.

24.1.25

Rodolfo Serrano (Hospital)




HOSPITAL

 

Es una noche larga larga larga.
Alguien grita una queja justo al lado.
Quiere marcharse, dice. Se oye fuera
el paso presuroso de enfermeras,
tintineo de frascos y murmullos.
La habitación está en penumbra.
Dormitamos en esa duermevela
de hospital y de enfermos asustados.

Más allá de estos muros la vida está despierta.
Hay gente que se ama o que se ignora.
Habrá bares abiertos. Y en la sierra
resuena la tormenta. Los amigos
están ahora lejanos. Y las horas
son tortugas heladas en el sueño.

Hay un cansancio de gasas y de sábanas.
Y esta angustia del cuerpo malherido.
Esta noche que no amanece nunca,
que envuelve nuestra carne en el silencio.
La vida, Dios, la vida, tan pequeña,
frágil como el cristal. Ahora quisiera
abrazarla muy fuerte. Y escaparme
por viejas autopistas y contigo
huir de este dolor hasta nosotros.


Rodolfo Serrano

 

É uma noite longa, longa,
alguém grita uma queixa mesmo ao lado,
quer ir-se embora, diz. Ouve-se fora
os passos apressados da enfermeira,
tilintar de frascos e murmúrios.
O quarto está em penumbra,
nós dormitamos nesse dorme-vela
de hospital e de doentes assustados.

Para lá destes muros a vida está acordada,
há gente que se ama ou que se ignora,
há-de haver bares abertos, e na serra
ressoa a tempestade. Os amigos
estão distantes agora, e as horas
são tartarugas enregeladas no sono.

Há um cansaço de gazes e de lençóis,
e esta angústia do corpo malferido.
Esta noite que nunca mais amanhece,
que nos envolve a carne no silêncio.
A vida, meu Deus, a vida, tão pequena,
frágil como o vidro. O que eu queria
agora abraçá-la com muita força.
E escapar por velhas estradas e contigo
fugir desta dor até nós mesmos.


(Trad. A.M.)

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23.1.25

Idea Vilariño (Despedida constante)




CONSTANTE DESPEDIDA

 

Estos días
los otros
los de nubes tristísimas e inmóviles
olor a madreselvas
algún trueno a lo lejos.

Estos días
los otros
los de aire sonriente y lejanías
con un pájaro rojo en un alambre.

Estos días
los otros
este amor desgarrado por el mundo
esta diaria constante despedida.

Idea Vilariño

[Letras-Uruguay]

  

Estes dias
os outros
os de nuvens tristíssimas e paradas
cheiro de madressilvas
e algum trovão ao longe.

Estes dias
os outros
os de ar sorridente e distâncias
com um pássaro vermelho no arame.

Estes dias
os outros
este amor rasgado pelo mundo
esta diária constante despedida.


(Trad. A.M.)

 .

21.1.25

Tanussi Cardoso (Os olhos nos desvãos)




OS OLHOS NOS DESVÃOS 

 

O pijama despido do corpo dorme seus sonhos 
  O rosto no retrato estampa uma febre antiga 
     O piano dedilha memória e descompasso 
        O fantasma de um gato descansa no sofá 
           A escada suspira os passos dos homens 
              No escuro as coisas brilham seus nomes

 


Tanussi Cardoso

 .

19.1.25

Horacio Castillo (Epístola)




EPÍSTOLA


Los judíos piden señales, los griegos sabiduría, 
pero yo digo: Enloqueced.
¿Dónde está el sabio, dónde está el escriba?
Ha sido escamoteada la luz del mundo.
¿Sois ciegos?
Alegraos de vuestra ceguera.
¿Sois sordos?
Alegraos de vuestra sordera.
El ciego ha sido escogido para verlo todo, 
el sordo para oír lo inaudible.
Sí, enloqueced.
Porque todos los ojos han sido velados 
y sólo vemos lo que no vemos, 
todos los oídos han sido sellados 
y sólo oímos lo que no oímos.
¿Queréis prodigios?
Enloqueced.
¿Queréis conocimiento?
Enloqueced.
Porque se trata de asir lo Inasible 
y las manos se quiebran, 
se trata de tocar la Verdad 
y arde la razón.
Enloqueced.


Horacio Castillo

[Marcelo Leites]



Os judeus pedem sinais, os gregos sabedoria,
mas eu digo: Enlouquecei.
Onde é que está o sábio? Onde está o escriba?
Escamotearam a luz do mundo.
Vós sois cegos?
Alegrai-vos da vossa cegueira.
Sois surdos?
Alegrai-vos da vossa surdez.
O cego foi escolhido para ver tudo,
o surdo para ouvir o inaudível.
Sim, enlouquecei.
Porque todos os olhos foram velados
e nós vemos só o que não vemos,
porque todos os ouvidos foram selados
e nós ouvimos só o que não ouvimos.
Quereis prodígios?
Enlouquecei.
Quereis conhecimento?
Enlouquecei.
Porque se trata de tocar o intocável
e as mãos partem-se,
trata-se de tocar a Verdade
e arde a razão.
Enlouquecei.


(Trad. A.M.)

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18.1.25

Hilario Barrero (Post data)




POST DATA

 

Me arrimo a ti
en una calle estrecha
y dejo pasar la sombra
que nos viene siguiendo.


Hilario Barrero

  

Arrimo-me a ti
numa rua estreita
e deixo passar a sombra
que vem atrás de nós.


(Trad. A.M.)

 .

16.1.25

Francisco J. Craveiro Carvalho (Tercetos-I)




Na caixa do supermercado
ao ver que o reconhecera
deu-me um esgar de ex-ministro.

*

(Grande turismo) 

Sem respeito pelas dimensões 
cheia sempre até ao fecho
fui-me abaixo num voo doméstico. 

* 

(Cartão de cidadão) 

Dez anos mais carregados
no meu cartão de cidadão.
Vamos ver se ainda os gasto. 

* 

(Dizia) 

Nunca lamentaria trocar 
dez anos da sua vida por
um ataque fatal de coração. 

* 

Nas ruas trotinetas
para os jovens. Para os velhos
andarilhos nos corredores.

 

FRANCISCO J. CRAVEIRO CARVALHO
Abilene
(2023)




>>  Triplo V (vários p/ traduções) / Correio do Porto (idem) / Relâmpago (9p)

.

14.1.25

Francisco Caro (Poética do cuidado)




POÉTICA DEL CUIDADO

 

Que la palabra limpie heridas,
sea bastón seguro para unas piernas débiles,
lente para esos ojos
a quien la niebla oculta su horizonte,
altavoz de gargantas sin campana,
pañuelo de esas lágrimas
que no esperan volver a ver el mar,
y cuchara que nunca titubea
ante bocas cerradas negándose a la vida.
 
Y que el hombre que cargue a sus espaldas
su mochila repleta de bastones y lentes,
altavoces, pañuelos y cucharas,
haga de sus silencios
escuela de secretos
y trono de humildad.


Francisco Caro 

 

Que a palavra limpe as feridas,
seja bastão seguro para algumas pernas fracas,
lente para aqueles olhos
a que a névoa tira a vista,
altifalante de gargantas sem sino,
lenço dessas lágrimas
que não esperam chegar ao mar,
e colher que não hesita
diante de bocas fechadas
que se negam para a vida.

E que o homem que leve às costas
a mochila com as lentes e bastões,
altifalantes, lenços e colheres,
de seus silêncios faça
escola de segredos
e trono de humildade.


(Trad. A.M.)

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13.1.25

Fernando Beltrán (Os outros)





LOS OTROS, LOS DEMÁS, ELLOS


El serbio que destruye un colegio soy yo,
el rwandés que mata a machetazos soy yo,
el terrorista que coloca la bomba soy yo,
el hombre que dispara en un hiper de Texas soy yo,
el judío que bombardea un campo de refugiados soy yo,
el palestino que clama en el desierto soy yo,
el albanés que huye en un barco soy yo,
el marroquí que se ahoga al cruzar el estrecho soy yo,
el guerrillero que aún sueña en El Salvador soy yo,
el bebé somalí que se muere de hambre soy yo,
el médico sin fronteras soy yo,
el general que apunta soy yo,
el empresario que emite residuos radiactivos soy yo,
el enamorado que mata por amor soy yo,
el loco que muere por amor soy yo,
el político sin escrúpulos soy yo,
el funcionario corrupto soy yo,
el funcionario honrado soy yo,
el hombre capaz de lo mejor,
el hombre capaz de lo peor,
el hombre a secas, yo.

 

Fernando Beltrán

 

 

O sérvio que destrói um colégio sou eu,
o ruandês que mata à catanada sou eu,
o terrorista que põe a bomba sou eu,
o homem que dispara num hiper do Texas sou eu,
o judeu que bombardeia um campo de refugiados sou eu,
o palestino que clama no deserto  sou eu,
o albanês que foge num barco sou eu,
o marroquino que se afoga a atravessar o estreito sou eu,
o guerrilheiro que ainda sonha em Salvador sou eu,
o bébé somali que morre de fome sou eu,
o guerrilheiro que sonha ainda em Salvador sou eu,
o médico sem fronteiras sou eu,
o general que aponta sou eu,
o empresário de resíduos radioactivos sou eu,
o apaixonado que mata por amor sou eu,
o louco que morre por amor sou eu,
o político sem escrúpulos sou eu,
o funcionário corrupto sou eu,
o funcionário honrado sou eu,
o homem capaz do melhor,
o homem capaz do pior,
o homem simplesmente, eu.


(Trad. A.M.).

11.1.25

Sebastião da Gama (Pelo sonho é que vamos)




Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.

Chegamos? Não chegamos?

Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos,
basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?

─ Partimos. Vamos. Somos.


Sebastião da Gama

.

9.1.25

Karmelo C. Iribarren (Melhor assim)




MELHOR ASSIM

 

É claro
que há imensas coisas
que ainda te não disse.
O que esperavas?
Se te dissesse tudo de uma vez,
num ataque freudiano de sinceridade,
não só não me acreditavas
como além disso passarias a olhar-me
como um tipo perigoso.
Melhor assim. Melhor que penses
que tenho muita vida interior
e que te esperam
momentos irrepetíveis.

 

Karmelo C. Iribarren

(Trad. A.M.)

 .

8.1.25

Felipe Benítez Reyes (O esquisso na água)




EL DIBUJO EN EL AGUA 

 

Bien sabes que estos años pasarán,
que todo acabará en literatura:
la imagen de las noches, la leyenda
de la triunfante juventud y las ciudades
vividas como cuerpos. 

Que estos años
pasarán ya lo sabes, pues son tuyos
como una posesión de nieve y niebla,
como es del mar la bruma o es del aire
el color de la tarde fugitivo:
pertenencias de nadie y de la nada
surgidas, que hacia la nada van:
ni el mismo mar, ni el aire, ni esa bruma,
ni un crepúsculo igual verán tus ojos. 

Un dibujo en el agua es la memoria,
y en sus ondas se expresa el cadáver del tiempo. 

Tú harás ese dibujo. 

Y de repente
 tendrás la sombra muerta
 del tiempo junto a ti.
 

Felipe Benítez Reyes 

 

Sabes bem que passarão estes anos
e acabará tudo em literatura,
a imagem das noites, a lenda
da juventude triunfante e as cidades
vividas como corpos. 

Que estes anos
passarão sabes já, pois são teus
como coisa de neve e névoa,
como é do mar a bruma ou é do ar
a cor fugitiva da tarde,
pertenças de ninguém, surgidas do nada
e ao nada destinadas:
nem o próprio mar, nem o ar, nem a bruma,
nem um crepúsculo assim serão pasto de teus olhos. 

Um esquisso na água é a memória
e em suas ondas se expressa o cadáver do tempo. 

Tu farás esse esquisso. 

E de repente
terás a sombra morta
do tempo a teu lado.
 

(Trad. A.M.)

.

6.1.25

Sebastião Alba (O limite diáfano)




O LIMITE DIÁFANO

 

Movo-me nos bastidores da poesia,
e coro se de leve a escuto.
Mas o pão de cada dia
à noite está consumido,
e a alvorada seguinte
banha as suas escórias.
Palco só o da minha morte,
se no leito!,
com seu asseio sem derrame...
O lado para que durmo
é um limite diáfano:
aí os versos espigam.
Isso me basta. Acordo
antes que a seara amadureça
e na extensão pairem,
de Van Gogh, os corvos.

Sebastião Alba

.

4.1.25

Federico Gallego Ripoll (São os pássaros)




Son los pájaros quienes alzan el día para el ciego.
Se oye la luz colgada de los árboles
y un trasiego de sangre acelerada que acumula en los tímpanos
los latidos hurtados a la noche.

Amanece.

Tibias gotas de azul salpican de mañana
el parabrisas de los coches.
Alguien, equivocado,
ha abierto su paraguas creyéndose que llueve.
 

Federico Gallego Ripoll

 

 

São os pássaros que fazem erguer o dia para o cego.
Ouve-se a luz que pende das árvores
e um pulsar de sangue acelerado que acumula nos tímpanos
os latejos furtados à noite.

Amanhece.

Mornas gotas de azul salpicam de manhã
o para-brisas dos carros.
Alguém, por engano,
abriu o guarda-chuva a pensar que chove.


(Trad. A.M.)

 .

3.1.25

Rodolfo Serrano (No oeste há apaches)




AL OESTE HAY APACHES

 

Marcamos territorio. 
Hasta aquí, tu frontera.
Tus amigos. Mis bares. 
Antes de que se ponga el sol 
dejarás este pueblo.
Tengo el arma cargada.
Dispararé a matar
cuando te encuentre.
La ciudad es ahora
territorio enemigo.
Llenaré las farolas,
cada árbol del parque
con carteles de búsqueda.
Recompensa: mil días
por tu cuerpo.
Desnudo, a ser posible.


Rodolfo Serrano

 

Marcamos território,
até aqui a tua fronteira,
os teus amigos, os meus bares.
Antes de o sol se pôr,
deixarás esta terra.
Tenho a arma carregada,
 atiro a matar, 
caso te encontre.
A cidade é agora
território inimigo.
Vou encher os candeeiros,
cada árvore do parque,
com cartazes de busca.
Recompensa: mil dias
pelo teu corpo.
Desnudo, podendo ser.

(Trad. A.M.)

 

>>  Rodolfo Serrano (blogue/ 2007-17/ muitos p) / Poemas del alma (5p) /Bitacora de vuelos (entrevista) /Culturamas (rec. Manuel Rico)

 .

1.1.25

Rui Caeiro (Sabem que mais)




SABEM QUE MAIS?



Sou um homem dado ao álcool e a eternas dúvidas
e que na rua ou lá onde seja a todo o momento pode tropeçar
ou morrer: voar é que é muito mais improvável

Sou um homem de áridas certezas e uma esperança
a essa arrasto-a pela mão pelos cabelos pelas orelhas
paro escuto e olho antes de atravessar

com ela. E não lhe sei o nome. E não me preocupo.


Rui Caeiro

[Nesga de terra]

 .