17.9.24

Amadeu Baptista (O cão)




O CÃO 

 

Adormecido, enroscado em frente ao fogo,
Noto como o cão estremece
De instante a instante. Provavelmente
Sonha, a reconhecer no imutável 

Uma paridade subconsciente com o mundo
Ou o discurso que só ele entende
No seu sono pacífico. De vez em quando,
Solta um ténue ganido, suspira fundo 

E volta ao ciclo de estremeções
Que iniciou assim que adormeceu.
Sonha a sono solto e, não tarda, 

Creio que se vai transformar em lírio,
De repente. E assim me lembro de ti,
Uma dália a vibrar em frente ao lume.
 

Amadeu Baptista

 .