TEMPUS FUGIT
Ayer ya se marchó. Y casi no hay mañana.
Mis edades se fueron, se irán, se me están yendo,
como las tristes cifras de mi cuenta bancaria.
En este monstruo áspero me has ido convirtiendo.
Sin casi ni notarlo. No sé cómo.
Quizás la culpa es de la noche, las ciudades, los taxis.
O de la lluvia, que prometía charcos. Quizás del peso
de cosas que lloré y no recuerdo. Cristales que pisé
y tan descalzo. Qué tarde y con dolor
nos damos cuenta de que estuviste aqui
pero ya te has largado. Jodida vida mía,
qué me has hecho. Qué nos has hecho a todos.
A nosotros, a nuestros veinte años que ya no.
Cuando sólo quisimos divertirnos,
jugar bajo tu falda a ser felices,
matar palabras frágiles despacio.
Por qué eres tan idiota. Tan puta. Tan deprisa.
Dime, mi vida, mi pequeña, dime:
por qué tanto dolor, tantos problemas siempre.
Por qué tan para nada nunca todo.
Pedro Andreu
Ontem foi-se já. E quase não há amanhã.
As idades minhas foram-se, irão, estão indo,
como as cifras tristes da minha conta bancária.
Foste-me convertendo neste monstro áspero.
Quase sem dar conta, nem sei como.
Talvez a culpa seja da noite, das cidades, dos táxis.
Ou da chuva, que prometia charcos. Talvez do peso
de coisas que chorei e não me lembram. Vidros que pisei
e tão descalço. Quão tarde
damos conta de que estiveste aqui
mas foste embora. Vida minha da porra,
que fizeste comigo, com todos nós.
Nós, e nossos vinte anos, que já não.
Quando queríamos era divertir-nos,
brincar de ser felizes por baixo da tua saia,
matar palavras frágeis de seu vagar.
Porque és tão idiota, tão puta, tão depressa.
Diz-me, vida minha, pequenina, diz-me:
porquê tanta dor, tantos problemas sempre?
Porquê tão para nada nunca tudo?
(Trad. A.M.)