23.8.22

Clara Janés (Fugacidade do terreno)




FUGACIDAD DE LO TERRENO


Todo es de polvo, soledad y ausencia. 
Todo es de niebla, oscuridad y miedo. 
Todo es de aire, balanceo inútil, 
      sobre la tierra. 

Manos vacías que acarician viento, 
ojos que miran sin saberse ciegos, 
pies que caminan sobre el mismo trecho 
      siempre de nuevo. 

Vemos sin ver y en la tiniebla estamos. 
Somos y somos lo que no sabemos. 
Hay en nosotros de la llama viva 
      sólo un reflejo.  

Caen los días en otoño eterno. 
Pasan las cosas entre sueño y sueño.
Llega la noche de la muerte. Y calla 
      nuestro silencio.

 
Clara Janés

 

Tudo é pó, solidão, ausência,
tudo é medo, névoa, escuridão,
tudo é vento, inútil baloiçar,
               sobre a terra. 

Mãos vazias afagando vento,
olhos mirando como se não fossem cegos,
pés andando no mesmo trilho
               mas sempre novo.

Vemos sem ver em meio da treva,
somos e somos aquilo que não sabemos,
temos em nós da chama viva
               um reflexo apenas. 

Caem os dias em outono eterno,
dão-se as coisas entre sonho e sonho,
chega a noite da morte e com ela
               nosso silêncio.

 

(Trad. A.M.)

 .