27.10.17

Joaquín Benito de Lucas (Elegia)





ELEGÍA



Cuando regreso ahora
a mi ciudad, no puedo contener
la emoción de saber que no me esperan.
No me espera mi padre, que se marchó río abajo
muy despacio entre juncos, bajo puentes de niebla. 
No me espera mi hermano,
que me esperaba siempre al pie de un mostrador
cualquiera, en cualquier calle
brindando por mi último
libro o por su desgracia
o por otro motivo interesante.
Ni tampoco me espera
el otro hermano que recién se ha ido,
dejándome la sombra
de sus zapatos y sus trajes,
que cepillo y que plancho
y me pruebo y me pruebo
sin saber qué me sobra o qué me falta.


Joaquín Benito de Lucas




Agora quando regresso
à minha terra, não posso conter
a emoção de saber que não me esperam.
Não me espera meu pai, que se foi pelo rio abaixo
de seu vagar entre os juncos, sob pontes de névoa.
Não me espera meu irmão,
que me esperava sempre ao pé de uma montra
qualquer, a brindar em qualquer rua
pelo meu último livro, pela sua desgraça
ou por outro motivo palpitante.
Nem me espera tão pouco
o outro irmão falecido há pouco,
deixando-me a sombra 
de seu calçado e dos fatos,
que escovo e passo a ferro,
e provo e torno a provar,
sem saber aquilo que me sobra ou que me falta.


(Trad. A.M)

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