UN POEMA DE AMOR
Cuando hable con el silencio
cuando sólo tenga una cadena
de domingos grises para darte
cuando sólo tenga un lecho vacío
para compartir contigo un deseo
que no se satisface ya con los cuerpos de este mundo
cuando ya no me basten las palabras del castellano
para decirte lo que estoy mirando
cuando esté mudo de voz de ojos y de movimiento
cuando haya arrojado lejos de mí
el miedo a morir de cualquier muerte
cuando ya no tenga tiempo para ser yo
ni ganas de ser aquel que nunca he sido
cuando sólo tenga la eternidad para ofrecerte
una eternidad de voces y de olvido
una eternidad en la que ya no podré verte
ni tocarte ni encelarte ni matarte
cuando a mí mismo ya no me responda
y no tenga día ni cuerpo
entonces seré tuyo
entonces te amaré para siempre.
Homero Aridjis
Quando falar com o silêncio
quando tiver só um rosário
de cinzentos domingos pra te dar
quando tiver só um leito vazio
pra partilhar contigo um desejo
que não se ceva já nos corpos deste mundo
quando não me bastarem já as palavras da língua
para te dizer aquilo que estou olhando
quando mudo ficar de voz de olhar e de movimento
quando tiver arrojado pra longe
o medo de morrer de qualquer morte
quando não tiver já tempo de ser eu
nem vontade de ser aquele que nunca fui
quando tiver só o eterno pra te dar
um eterno de vozes e esquecimento
onde já não possa ver-te
nem tocar ou ter ciúme ou matar-te
quando já não responder sequer a mim mesmo
e não tiver dia nem corpo
então eu serei teu
e hei-de amar-te pra sempre
(Trad. A.M.)
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A media voz (36p) /
Arte poética (9p) /
Wikipedia
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