14.6.13

Rui Zink (O futebol)





Beleza de linguagem, o futebol.

Pobreza de universo, possibilidades limitadas (vitória, empate ou derrota), mas uma beleza de linguagem.

Esférico, bola, redondinha, relvado, gramado, verde manto, tapete, palco glorioso, terreno, zona, território, fora de jogo, grande penalidade, admoestação verbal, castigo injusto, falta cometida.

Uma linguagem simultaneamente poética, judicial, bíblica.

Entre os guerreiros e a selvajaria, um frágil juiz de calções - grande autoridade, a de um juiz em calções - e os seus dois auxiliares, meirinhos que, de bandeira em punho, assinalavam quem cometeu a falta, de quem era a bola, se o ataque era feito dentro dos trâmites legais de posicionamento.


- RUI ZINK, O suplente (2000), I,10.

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