15.2.22

Juan Carlos Mestre (Agosto)




AGOSTO



el  verano
ha dejado solos
en la ciudad
a los muertos
y a los vendedores de helados

.

todos
se han ido
incluso los demás

.

en los andenes
vacíos del metro
permanece el lenguaje
visitado por el amor

.

la chica
mastica chicle
a la puerta del Centro
de Reclusión Penal


El gendarme
mira a su alrededor
quita la telaraña
seca la brocha
se encoge de hombros


se han ido
los fotógrafos
y los novios
pisan las colillas
olvidan sus nombres


personalmente
no tengo nada
contra agosto
las fresas
se pudren en los senderos


la noche desnuda
la Luna
un objeto perdido

 

Juan Carlos Mestre

 

 

O Verão 
deixou sós
na cidade
os mortos
e os vendedores de gelados

.

todos 
se foram
até os outros

.

nos cais
vazios do metro
permanece a linguagem
e o amor de visita

.

a miúda
masca chicle
à porta do Centro
de Reclusão Penal

.

o polícia
olha em volta 
tira a teia de aranha
seca a brocha
e encolhe os ombros

.

foram-se
os fotógrafos 
e s noivos
pisam as piriscas
e não lembram os nomes

.

eu cá não tenho
pessoalmente
nada contra Agosto
nos carreiros
os morangos a apodrecer

.

a noite desnuda
a Lua
um objecto perdido

 

(Trad. A.M.)

 .