AGOSTO
el verano
ha dejado solos
en la ciudad
a los muertos
y a los vendedores de helados
.
todos
se han ido
incluso los demás
.
en los andenes
vacíos del metro
permanece el lenguaje
visitado por el amor
.
la chica
mastica chicle
a la puerta del Centro
de Reclusión Penal
‘
El gendarme
mira a su alrededor
quita la telaraña
seca la brocha
se encoge de hombros
‘
se han ido
los fotógrafos
y los novios
pisan las colillas
olvidan sus nombres
‘
personalmente
no tengo nada
contra agosto
las fresas
se pudren en los senderos
‘
la noche desnuda
la Luna
un objeto perdido
Juan Carlos Mestre
O Verão
deixou sós
na cidade
os mortos
e os vendedores de gelados
.
todos
se foram
até os outros
.
nos cais
vazios do metro
permanece a linguagem
e o amor de visita
.
a miúda
masca chicle
à porta do Centro
de Reclusão Penal
.
o polícia
olha em volta
tira a teia de aranha
seca a brocha
e encolhe os ombros
.
foram-se
os fotógrafos
e s noivos
pisam as piriscas
e não lembram os nomes
.
eu cá não tenho
pessoalmente
nada contra Agosto
nos carreiros
os morangos a apodrecer
.
a noite desnuda
a Lua
um objecto perdido
(Trad. A.M.)