RETRATO
se atreve a llamar amigos,
pasa de largo si hay bulla,
no visita a sus vecinos,
cruza la calle fumando,
siempre dentro de sí mismo,
viendo el mundo desde fuera
igual que quien lee un libro,
atrapado —sin salida—
en su propio laberinto,
pero ni sordo ni ciego
ni indiferente ni frío:
un solitario que vive
con una mujer y un niño.
Fala pouco, e a muito poucos
se atreve a chamar amigos,
passa ao largo se há barulho,
não visita sequer os vizinhos,
atravessa a rua a fumar,
sempre ensimesmado,
vendo o mundo de fora
tal como quem lê um livro.
apanhado - sem saída -
no seu próprio labirinto,
mas nem surdo nem cego
nem indiferente nem frio:
um solitário que vive
com uma mulher e um miúdo.
> Outra versão: Do Trapézio (L.P.)
.