22.11.20

Belén Reyes (A morte é ilegal)

 


LA MUERTE ES ILEGAL

 

La muerte es ilegal
Y nadie dice nada
Ni una denuncia, un grito
Ni un poema pancarta
Ni un juez que lo investigue
La vida es una estafa.
Nacemos sin permiso
Y crecemos sin ganas
Si soñamos nos duermen
Si sentimos nos talan
Somos sauces llorones
Arrastrando las lagrimas

Morirse es un delito
Nacer es una estafa
Y todos calladitos
Tragándonos el alma
Envejecer sin ruido
Sin molestar palmarla
A escondidas, solitos
Que los hijos trabajan
Que no pidan permisos
que aquí nunca se aparca
y el parking  vale caro

Solo soy una carga
quiero morirme ya
este fin de semana
cuando libran los hijos
no molestar, sin drama
irme de aquí, vergüenza
de enfermar, dar la lata
no salpicar dolor,
que me laven sin ganas
el culo dos extraños
mientras hablan del barsa.

La muerte es ilegal
Y nadie dice nada


Belén Reyes

 

 

A morte é ilegal
E ninguém diz nada

Nem uma denúncia, um grito
Nem um poema ou cartaz
Nem umjuiz que investigue
A vida é uma cilada.
Nascemos sem licença
E crescemos sem vontade
Se sonhamos adormecem-nos
Se sentimos nos calcam
Somos salgueiros chorões
A arrastar as lágrimas

Morrer é um delito
Nascer uma cilada
E todos caladinhos
A engolirmos a alma
Envelhecer sem barulho
Bater a bota, não incomodar
Sozinhos, escondidos
Que os filhos trabalham
Que não peçam dispensa
que aqui não se aparca
e o parque custa caro

Sou apenas um carrego
quero morrer aqui já
este fim de semana
na folga dos filhos
sem drama, não incomodar
ir-me daqui, vergonha
de adoecer, de chatear
não esparrinhar a dor
que lavem sem vontade
o cu dos estranhos
enquanto discutem a bola.

A morte é ilegal
E ninguém diz nada


(Trad. A.M.)

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