DIOSPIREIRO
Eis o que o Outono fez:
pegou em brasas frias
que arredondou e reacendeu
e depois dispôs ao calha no diospireiro,
ao mesmo tempo que
removia as folhas com a volúpia lenta
de quem despe um corpo que é preciso amar.
Resultado: uma árvore às avessas
mas uma árvore que amamos por ser às avessas
— tão árvore e tão às avessas.
Só o Outono seria capaz
de tamanha e tão doida e sonora fantasia.
(Que o Inverno, resmungando, logo apagará.)