19.5.19

Juanjo Barral (Preço, apreço, desprezo)





PRECIO, APRECIO, DESPRECIO



Ahora mismo no estoy trabajando
-se supone-
escribo este poema.
Pero ya sé, eso no cuenta,
aunque se trate de hacer balance de uno,
recuento de los beneficios de nuestra existencia.

Qué lástima entonces el mundo,
qué lástima cuando no quiere tantas veces
que escribamos este poema,
que soñemos en esta línea
que queremos dibujar.

Que no quiere que miremos el mundo por dentro
lejos del precio y la etiqueta.

Ahora mismo no estoy trabajando
y pregunto a la patronal, al Banco Central Europeo, al Fondo Monetario
Internacional: ¿Hay algún problema?


Juanjo Barral




Agora mesmo não estou a trabalhar
- supõe-se -
enquanto escrevo este poema.
Mas isso não conta, já sei,
embora se trate de elaborar um balanço pessoal,
ou do inventário de benefícios da existência.

Que pena então este mundo,
que pena quando não quer tantas vezes
que escrevamos este poema,
que sonhemos nesta linha
que pretendemos traçar.

Que não quer que olhemos o mundo por dentro,
longe do preço e da etiqueta.

Agora mesmo não estou a trabalhar
e só pergunto à patronal, ao Banco Central Europeu,
ao Fundo Monetário Internacional: Há algum problema?


(Trad. A.M.)

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