EIS AQUI QUE
TU ESTÁS SÓ E QUE EU ESTOU SÓ.
Fazes tua
vida dia a dia e pensas
e eu penso e
recordo e estou só.
À mesma hora
lembramo-nos algo
e
sofremo-nos. Somos como uma droga
tua e minha,
percorrendo-nos uma loucura celular
e um sangue
rebelde e sem descanso.
Este corpo
só vai ficar-me em chaga,
a carne me
caindo troço a troço.
Lonjura e
morte.
O estar
corrosivo, o mal estar
morrendo é
nossa morte.
Eu não sei
onde tu estás, já esqueci mesmo
quem és,
onde estás, como é que te chamas.
Eu sou só
uma parte, um braço apenas,
apenas
metade, um braço só.
Recordo-te
nesta boca, e nas mãos.
Sei-te com
as mãos, os olhos, a língua,
sabes a
amor, a doce amor, a carne,
a semente, a
flor, cheiras a amor, a ti,
cheiras a
sal, sabes a sal, amor, e a mim.
(...)
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