10.12.08

Nuno Júdice (Poema-2)










POEMA-2





Atravesso o jardim, de manhã,
até beber o último trago de névoa.


As estátuas empurram-me com
os seus braços brancos.


Um cisne confunde-se
com um jarro;


mas não sei se o lago
se confunde com ele.


No banco, um fantasma
estende-me uma chávena de café.


No fundo, discutimos ambos
um problema de existência.


É que nem ele nem eu
temos a certeza um do outro


quando a cidade, no Outono,
se veste de nuvem.




NUNO JÚDICE
O Movimento do Mundo (1996)


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