21.12.08

Mohâmede Almutâmide (Evocação de Silves)











EVOCAÇÃO DE SILVES


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Eis, Abu Bacre, saúda os meus lares em Silves e pergunta-lhes
se, como penso, ainda se lembram de mim.


Saúda o Palácio das Varandas da parte de um donzel
que sente perpétua saudade daquele alcácer.


Ali moravam guerreiros como leões e brancas gazelas.
E em que belas selvas e em que belos covis!


Quantas noites passei divertindo-me à sua sombra
com mulheres de cadeiras opulentas e talhe fatigado
brancas e morenas que produziam na minha alma
o efeito das espadas refulgentes e das lanças obscuras!


Quantas noites passei deliciosamente
junto a um recôncavo do rio com uma donzela
cuja pulseira rivalizava com a curva da corrente!


O tempo passava e ela servia-me o vinho do seu olhar
e outras vezes o do seu vaso
e outras o da sua boca.


As cordas do seu alaúde feridas pelo plectro
estremeciam-me como se ouvisse a melodia das espadas
nos tendões do colo inimigo.


Ao retirar o seu manto, descobriu o talhe,
florescente ramo de salgueiro,
como se abre o botão para mostrar a flor.



Mohâmede Almutâmide




- Beja (1040-1095)




Consultar: Inforarte (perfil)
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