23.10.20

Fabio Morábito (Pedem-me sempre poemas inéditos)





SIEMPRE ME PIDEN POEMAS INÉDITOS



Siempre me piden poemas inéditos.
Nadie lee poesia
pero me piden poemas inéditos.
Para la revista, el periódico, el performance,
el encuentro, el homenaje, la velada:
un poema, por favor, pero inédito.
Como si supieran de memoria lo que he escrito.
Como si estuvieran colmados de mi poesia
y ahora necesitaran algo inédito.
La poesía siempre es inédita, dijo el poeta en un poema,
pero ellos lo ignoran porque no leen poesía,
sólo piden poemas inéditos.


Fábio Morábito





Pedem-me sempre poemas inéditos.
Ninguém lê poesia,
mas pedem-me poemas inéditos.
Para a revista, o jornal, a performance,
o encontro, a homenagem, o sarau
- um poema, por favor, mas inédito.
Como se tivessem de memória aquilo que eu escrevi.
Como se estivessem cheios da minha poesia
e agora precisassem de algo inédito.
A poesia é sempre inédita, dizia o poeta num poema,
mas eles não sabem porque não lêem poesia,
só pedem poemas inéditos.

(Trad. A.M.)


> Outra versão: Tarso de Melo (idem)

.