6.3.14

Nicanor Parra (Perguntas na hora do chá)





PREGUNTAS A LA HORA DEL TÉ



Este señor desvaído parece
una figura de un museo de cera;
mira a través de los visillos rotos:
Qué vale más, ¿el oro o la belleza?
¿Vale más el arroyo que se mueve
o la chépica fija a la ribera?
A lo lejos se oye una campana
que abre una herida más, o que la cierra:
¿Es más real el agua de la fuente
o la muchacha que se mira en ella?
No se sabe, la gente se lo pasa
construyendo castillos en la arena.
¿Es superior el vaso transparente
a la mano del hombre que lo crea?
Se respira una atmósfera cansada
de ceniza, de humo, de tristeza:
Lo que se vio una vez ya no se vuelve
a ver igual, dicen las hojas secas.
Hora del té, tostadas, margarina,
todo envuelto en una especie de niebla.

Nicanor Parra



Este senhor pálido parece
uma figura de um museu de cera,
olhando pelas cortinas rasgadas:
O que vale mais, o ouro ou a beleza?
Vale mais o ribeiro a correr
ou a erva imóvel na margem?
Ao longe ouve-se um sino
que abre uma ferida, ou a fecha:
É mais real a água da fonte
ou a rapariga que nela se mira?
Não sabemos, passamos o tempo
a fazer castelos na areia:
É superior o copo transparente
à mão do homem que o cria?
Há um ambiente cansado
de cinza, de fumo, de tristeza:
O que se viu uma vez não volta a ver-se
tal qual, dizem as folhas secas.
Hora do chá, torradas, margarina,
tudo envolto numa espécie de névoa.

(Trad. A.M.)


> Outra versão: Luz & sombra (José Bento)

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