ADVERTENCIAS
No vengas otra vez con tus historias
tan siglo diecinueve de tristezas.
No jures y perjures que perdiste
tu zapato en mi casa, Cenicienta,
pues bien sabes que perdiste otras cosas:
la cabeza tal vez, algo de pasta, un par de
bragas
que voy probando a todas
las que prueban mi cama
sin dar con la que vuela.
Que ni yo soy azul ni tú princesa,
así que apaga y vámonos, y vuelve
a ser mi perra callejera, mi musa en celo,
mi luna de dormir la borrachera,
mi billete de avión a la locura,
mi Blancanieves puta y harapienta,
mi vino y la ressaca, el frío y mis palabras.
Y déjate de cuentos y dame mucho sexo
y poco poquito poco
abominable falso esclavo imbécil
desvergonzado amor.
Pedro Andreu
Não venhas outra vez com as tuas histórias
tão séc. XIX de tristezas.
Não jures e perjures que perdeste
o sapato em minha casa, Cinzenta,
pois sabes bem que outras coisas perdeste,
a cabeça se calhar, algum dinheiro, um par de calcinhas
que eu vou experimentando em todas
que me entram na cama
sem dar com a tal que voa.
Que nem eu sou azul nem tu princesa,
daí que desliga e vamos, volta
a ser a minha cachorra vadia, minha musa de cio,
minha lua de dormir a bebedeira,
meu bilhete para a loucura,
minha Branca de Neve puta e farrapenta,
meu vinho e ressaca, meu frio e palavras.
E deixa-te de histórias, dá-me muito sexo
e pouco pouquinho pouco
abominável falso escravo imbecil
desavergonhado amor.
(Trad. A.M.)