15.6.22

Piedad Bonnett (Ofertório)



OFERTORIO

 

Como un regalo acepto tu silencio,
con todo
lo que contiene su rigor de roca.
Con todas las preguntas que caben en su círculo,
su arañazo, su lágrima y su vientre
de tambor que golpeo
y donde sólo el golpe me responde.
Como algo que es,
que no puede no ser
acepto tu silencio.
Con todo lo que tiene de respuesta,
de grito figurado, de impotencia,
de palabras cosidas con largos hilos falsos.

Porque todo
lo que un hombre quiere soñar cabe en el puño
cerrado del silencio.

Te ofrezco a cambio
todo el silencio que tu oído pide,
que tu corazoón pide,
y de puntillas
salgo de ti.
(Yo, que siempre he creído en las palabras).

 

Piedad Bonnett

 

 

Como um presente aceito o teu silêncio,
com tudo
o que contém seu rigor de pedra.
Com todas as perguntas que cabem no círculo,
seu arranhão sua lágrima e seu ventre
de tambor que bato
e onde só o bater me responde.
Como algo que é,
que não pode deixar de ser.
aceito o teu silêncio.
Com tudo o que tem de resposta,
de grito figurado, de impotência,
de palavras cosidas com longos fios falsos.

Porque tudo
o que um homem sonha cabe no punho
fechado do silêncio.

Ofereço-te em troca
todo o silêncio que pede teu ouvido,
que pede teu coração,
e saio de ti
em bicos de pés.
(Eu, que sempre acreditei nas palavras).


(Trad. A.M.)

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