SENTIDO
Deixou
de fazer sentido voltar
Para
casa para comer sozinho,
Para
dormir sozinho, para viver
Sozinho.
Nenhum cão me espera,
Nenhuma
jarra onde tenhas posto
Um ramo
de rosas amarelas,
Um lenço
perfumado, uma almofada
Em que
tenham ficado as tuas marcas
De sono
agitado. Deixou de fazer
Sentido
ter em frente este horizonte
De
pedras que o mar já não contém,
Este
tecido de espuma a desfazer-se.
O que
aqui ardia já não arde
E a
noite é sempre longa e mutilada.
Amadeu
Baptista