LA MÁQUINA DE ESCRIBIR
Pequeña
metralleta entre mis manos,
máquina de
matar con adjetivos,
máquina de
escribir, arma del tiempo.
En todas
las mañanas de mi vida,
el
tableteo audaz de mi olivetti,
ese
ferrocarril de ortografía
en que
viajo muy lejos de mí mismo
o retorno
a los campos de la prosa
para reñir
batallas en mi lengua
con todos
los que mienten, los que gritan,
con los
que escriben en feroz tanqueta
para no
decir nada y meter miedo.
Vieja
olivetti verde, azul o negra,
escalinata
alegre de las letras,
sobre esta
escalinata, una mañana,
me
encontrarán tendido, no vencido.
Libros,
papeles, cosas y poemas
han salido
y saldrán de este cacharro.
Pavonado
revólver de mi prosa,
sus muecas
son ministros fusilados,
canto de
codorniz, canto de urraca,
como las
que ahora pueblan el jardín.
Alegría y
salud, mi vieja máquina
me regala
un estilo, una escritura
y las
gentes se paran para verlo.
Francisco Umbral
Pequena metralhadora em minhas mãos,
máquina de matar com adjectivos,
máquina de escrever, arma do tempo.
Nas manhãs todas da vida,
o taquetear audaz da Olivetti,
esse caminho-de-ferro da ortografia
em que eu viajo para longe de mim mesmo
ou retorno aos campos da prosa
para na minha língua dar batalha
a todos que mentem, que gritam,
que escrevem com armas pesadas
pra meter medo e não dizer nada.
Velha Olivetti verde, ou azul, ou negra,
escadaria alegre das letras,
nesta escadaria, um dia, me hão-de achar
deitado ao comprido, mas não vencido.
Livros, papéis, coisas e poemas
saíram e hão-de sair deste pote.
Pavonada pistola, minha prosa,
suas caretas são ministros fuzilados,
cantar de pega ou codorniz,
como as que povoam ali o jardim.
Alegria e saúde, minha velha máquina
oferece-me um estilo, uma escrita
e as pessoas param para o ver.
(Trad. A.M.)
.