13.12.21

Francisco Umbral (A máquina de escrever)




LA MÁQUINA DE ESCRIBIR 

 

Pequeña metralleta entre mis manos,
máquina de matar con adjetivos,
máquina de escribir, arma del tiempo.
En todas las mañanas de mi vida,
el tableteo audaz de mi olivetti,
ese ferrocarril de ortografía
en que viajo muy lejos de mí mismo
o retorno a los campos de la prosa
para reñir batallas en mi lengua
con todos los que mienten, los que gritan,
con los que escriben en feroz tanqueta
para no decir nada y meter miedo. 

Vieja olivetti verde, azul o negra,
escalinata alegre de las letras,
sobre esta escalinata, una mañana,
me encontrarán tendido, no vencido.
Libros, papeles, cosas y poemas
han salido y saldrán de este cacharro.
Pavonado revólver de mi prosa,
sus muecas son ministros fusilados,
canto de codorniz, canto de urraca,
como las que ahora pueblan el jardín.
Alegría y salud, mi vieja máquina
me regala un estilo, una escritura
y las gentes se paran para verlo.
 

Francisco Umbral

  


Pequena metralhadora em minhas mãos,
máquina de matar com adjectivos,
máquina de escrever, arma do tempo.
Nas manhãs todas da vida,
o taquetear audaz da Olivetti,
esse caminho-de-ferro da ortografia
em que eu viajo para longe de mim mesmo
ou retorno aos campos da prosa
para na minha língua dar batalha
a todos que mentem, que gritam,
que escrevem com armas pesadas
pra meter medo e não dizer nada.

Velha Olivetti verde, ou azul, ou negra,
escadaria alegre das letras,
nesta escadaria, um dia, me hão-de achar
deitado ao comprido, mas não vencido.
Livros, papéis, coisas e poemas
saíram e hão-de sair deste pote.
Pavonada pistola, minha prosa,
suas caretas são ministros fuzilados,
cantar de pega ou codorniz,
como as que povoam ali o jardim.
Alegria e saúde, minha velha máquina
oferece-me um estilo, uma escrita
e as pessoas param para o ver.


(Trad. A.M.)

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