SED
Cuando acepté que el alcohol no era sinónimo de olvido
empecé a beber sin tener excusas.
La gente no me miraba bien.
Los mismos con los que compartí algún brindis
para maldecir una cintura, o unas caderas, o un buen culo,
me dieron la espalda.
Los que te han visto siempre triste
no aceptan tu "felicidad"
si no se consideran culpables.
Como si la tristeza al ser mutua
en lugar de aumentar, restara.
Para sentarse en aquella barra
debías tener al menos dos motivos
y uno a la fuerza tenía que ser el nombre de una mujer.
Si eran dos los nombres
la resaca era espantosa.
Decía lucía, la camarera,
"Si un amor se va antes de tiempo
el desamor se queda para siempre"
También decía,
"Hay gente que lleva tanto tiempo sola,
que confunde soledad con amor propio".
En aquel tiempo yo tenía motivos
y tenía nombres
y nostalgia
y hasta amigos.
Creo que nunca estuve tan solo.
De vuelta a casa le preguntaba a las farolas por mi hogar
pero aquellas putas luces me llevaban a casa
y jamás a tus piernas.
Nunca hubo una resaca peor que despertar sin ti.
Y si perdí el equilibrio era más por ausencia de tus manos
que por el borde de las copas.
Ahora me siento y bebo sin más,
no es una cuestión de nostalgia,
ni siquiera de tristeza,
ni de tu nombre,
ni de esas putas luces,
es simplemente que respecto a olvidar
yo a diferencia del resto
ya me he dado por vencido.
Ernesto Pérez Vallejo
[Los lunes que te debo]
Quando assentei que o álcool não significava esquecimento
comecei a beber sem desculpas.
E as pessoas não me encaravam bem.
Aqueles com quem partilhara algum brinde
a maldizer uma cinta, umas ancas, um belo rabo,
viraram-me as costas.
Os que te viram sempre triste
não aceitam a tua 'felicidade'
se não se considerarem responsáveis.
Como se a tristeza por ser mútua
diminuísse em vez de aumentar.
Para sentar àquele balcão
eram precisos dois motivos pelo menos,
sendo um por força um nome de mulher.
Com dois nomes então
a ressaca era espantosa.
Dizia Lucía, a empregada,
'Se um amor se vai antes de tempo
o desamor fica para todo o sempre'.
E dizia igualmente,
'Há pessoas sozinhas há tanto tempo
que já confundem solidão com amor próprio'.
Nesse tempo eu tinha motivos
e tinha nomes
e saudade
e até amigos.
Creio que nunca estive tão só.
No regresso a casa perguntava o caminho aos candeeiros
mas aqueles filhos da mãe ensinavam-me para casa,
nunca para os teus braços.
A pior ressaca era acordar sem ti
e o equilíbrio, se o perdi, foi mais por falta das tuas mãos
do que pelo excesso de copos.
Agora sento-me e bebo sem mais,
não é por questão de saudade,
nem de tristeza tão pouco,
nem do teu nome,
nem dessas malditas luzes,
é simplesmente porque quanto a esquecer
diferentemente do resto
eu já me dei por vencido.
(Trad. A.M.)
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