18.1.24

Piedade Bonnett (O nó)




EL NUDO 

 

Cómo desatar este nudo, me digo,
y en él concentro la mirada como para que arda.
Lo que en mis ojos late no es fuego, sin embargo, 
sino impotencia: 
esa parálisis
que nace del temor a la derrota. 

Un nudo pareciera provenir del azar, ser inocente
de la tensión que encierra. Pero engaña.
(No hay nudo sin proceso,
sin movimiento previo, sin lazadas)


Podría deshacerlo
si supiera por donde comenzar o hubiera un método
para desenredar esta maraña.
Pero dentro del nudo hay un silencio,
un ensimismamiento, 
la trabazón perversa que nos mueve
de querer desistir
a la esperanza.
 

Piedad Bonnett 

[Revista Turia] 

 

Como desatar este nó, pergunto-me,
e fito nele o olhar como para que arda.
O que me palpita nos olhos, contudo,
não é fogo, mas impotência:
aquela paralisia
que nasce do temor à derrota. 

Um nó dir-se-ia provir do acaso, ser inocente 
da tensão que encerra. Mas engana.
(Não há nó sem processo,
sem movimento prévio, sem laçadas). 

Podia desfazê-lo
se soubesse por onde começar ou houvesse um meio
para desenredar esta maranha.
Mas por dentro do nó há um silêncio,
um ensimesmamento,
a ligação perversa que nos leva
da desistência 
à esperança.

(Trad. A.M.)


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