LOS FANTASMAS DE LISBOA
Dónde estará el pasado que tuvimos
el pasado que tuve entre tus brazos
En la calle resuenan nuestros pasos
pero no estamos: nos desvanecimos
Dónde estarán los besos que nos dimos
la tristeza tan dulce de los fados
tus promesas tus llantos mis enfados
nuestros cuerpos que un día compartimos
Asustados los nuevos ocupantes
de nuestro cuarto en el hotel escuchan
la risa de personas que se duchan
Como los personajes de Pessoa
somos almas sin cuerpo: dos amantes
que penan en las noches de Lisboa
Óscar Hahn
Onde estará o passado que foi nosso
o passado que foi meu nos teus braços
Ressoam na rua nossos passos
mas não estamos já, desvanecemos
Onde estarão os beijos que nos demos
a tão doce tristeza do fado
tuas promessas e prantos meu enfado
nossos corpos que um dia partilhámos
Assustados os novos clientes
do nosso quarto do hotel
escutam o riso de pessoas no banho
Almas sem corpo, nós, como personagens
de Pessoa, dois amantes penando
pelas noites de Lisboa.
(Trad. A.M.)