8.1.24

Óscar Hahn (Os fantasmas de Lisboa)




LOS FANTASMAS DE LISBOA



Dónde estará el pasado que tuvimos
el pasado que tuve entre tus brazos
En la calle resuenan nuestros pasos
pero no estamos: nos desvanecimos

Dónde estarán los besos que nos dimos
la tristeza tan dulce de los fados
tus promesas tus llantos mis enfados
nuestros cuerpos que un día compartimos

Asustados los nuevos ocupantes
de nuestro cuarto en el hotel escuchan
la risa de personas que se duchan

Como los personajes de Pessoa
somos almas sin cuerpo: dos amantes
que penan en las noches de Lisboa


Óscar Hahn

  

Onde estará o passado que foi nosso
o passado que foi meu nos teus braços
Ressoam na rua nossos passos
mas não estamos já, desvanecemos

Onde estarão os beijos que nos demos
a tão doce tristeza do fado
tuas promessas e prantos meu enfado
nossos corpos que um dia partilhámos

Assustados os novos clientes
do nosso quarto do hotel
escutam o riso de pessoas no banho

Almas sem corpo, nós, como personagens
de Pessoa, dois amantes penando
pelas noites de Lisboa.


(Trad. A.M.)

.