O ÚLTIMO POEMA
Meu último poema talvez seja este.
Como saber quanto tempo ainda tenho,
se não há relógio, calendário, mapa
que digam o dia, o local, a hora exata
da morte que desde sempre me aguarda?
Me espreita na esquina, de tocaia,
trama uma hora branda, com cabelo branco,
pele enrugada e um ar de dever cumprido?
Já que esse é o enigma que jaz oculto,
escrevo cada poema como se fosse o último.
Ricardo Silvestrin
[Acontecimentos]
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