12.12.17

Rogelio Guedea (Flash back)





FLASH BACK



he vuelto al mismo lugar en el que escribí
aquel poema que habla de cuando solíamos
venir al centro comercial con los niños,
en las tardes de domingo/
me he sentado en el mismo lugar para ver todavía
si entras o sales, o alcanzo a verte a lo lejos
probándote blusas para el próximo verano,

pero me doy cuenta de pronto que aquel que escribió
el poema y éste que lo recuerda ya no son
el mismo hombre // quisiera poder decirte, decirme
en qué he cambiado desde entonces, pero no podría,
todo es tan confuso y hay tanta gente que entra y sale,
incontables manos y pies, que no podría
en una mañana como ésta decírtelo/

sólo recordaba con claridad aquel poema y al hombre
que lo habitaba aquí mismo sentado como estoy ahora,
esperando que tu mano me toque por el hombro y me diga
que todo ha sido una mala pasada, que no es cierto
que te haya perdido nunca para siempre y que
es hora  – tarde ya, sí –  de volver
a casa.

Rogelio Guedea




voltei ao mesmo lugar em que fiz
aquele poema que fala de quando soíamos
vir ao centro comercial com as crianças, nas tardes de domingo/
sentei-me no mesmo lugar para ver ainda
se entras ou sais, ou se consigo ver-te ao longe
experimentando blusas para o próximo Verão,

mas dou-me conta de repente que aquele que escreveu
o poema e este que o recorda não são já
o mesmo homem// queria poder dizer-te, dizer-me
em que é que mudei desde então, mas não posso,
é tudo tão confuso e há tanta gente a entrar e sair,
incontáveis mãos e pés, que não poderia
dizer-to numa manhã como esta/

recordava só claramente o tal poema e o homem
que o habitava sentado aqui mesmo como eu estou agora,
esperando que a tua mão me toque no ombro e me diga
que foi tudo um mau passo, que não é verdade
ter-te perdido para sempre e que
é tempo – tarde já, sim – de voltar
para casa.

(Trad. A.M.)


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