Regressámos à praia,
esgotada
essa série de acidentes
em que o
menor foi o amor,
ao contrário
do que se previa.
Deixámos a
maré subir
na memória,
cancelar-nos
a areia sob
os pés, levar
até os
restos do navio encalhado
que
ressuscitava todas as manhãs,
corpo de
ossos já limpos.
Podia ter
sido o meu.
Somos,
afinal, dos últimos:
desfiamos
gerações, contando onda após onda
após onda,
até ao mergulho final.
E escrevemos
como vivemos,
na espuma ou
nos vidros embaciados
da cidade,
com a teimosa convicção de que
nada ficará
– nós não ficaremos.
Inês Dias
.