FRAGMENTOS DE UM EVANGELHO APÓCRIFO
3. Desventurado o pobre de espírito, porque debaixo da terra
será o que é agora na terra.
4. Desventurado o que chora, porque possui o hábito miserável do pranto.
5. Ditoso aquele que sabe que o sofrimento não é uma coroa de glória.
6. Não basta ser o último para ser alguma vez o primeiro.
7. Feliz o que não insiste em ter razão, porque ninguém a tem ou todos a têm.
8. Feliz o que perdoa aos outros e o que perdoa a si mesmo.
9. Bem aventurados os mansos, porque não condescendem com a discórdia.
10. Bem aventurados os que não têm fome de justiça, porque sabem que a nossa sorte, adversa ou piedosa, é fruto do acaso, insondável.
11. Bem aventurados os misericordiosos, porque a sua fortuna está na prática da misericórdia e não na esperança de um prémio.
14. Ninguém é o sal da terra, ninguém, em momento nenhum da vida, jamais.
40. Não julgues a árvore pelos frutos, nem o homem por suas obras; podem ser piores ou melhores. (…)
JORGE LUIS BORGES
Elogio de la Sombra (1969)
(Trad. A.M.)
3. Desventurado o pobre de espírito, porque debaixo da terra
será o que é agora na terra.
4. Desventurado o que chora, porque possui o hábito miserável do pranto.
5. Ditoso aquele que sabe que o sofrimento não é uma coroa de glória.
6. Não basta ser o último para ser alguma vez o primeiro.
7. Feliz o que não insiste em ter razão, porque ninguém a tem ou todos a têm.
8. Feliz o que perdoa aos outros e o que perdoa a si mesmo.
9. Bem aventurados os mansos, porque não condescendem com a discórdia.
10. Bem aventurados os que não têm fome de justiça, porque sabem que a nossa sorte, adversa ou piedosa, é fruto do acaso, insondável.
11. Bem aventurados os misericordiosos, porque a sua fortuna está na prática da misericórdia e não na esperança de um prémio.
14. Ninguém é o sal da terra, ninguém, em momento nenhum da vida, jamais.
40. Não julgues a árvore pelos frutos, nem o homem por suas obras; podem ser piores ou melhores. (…)
JORGE LUIS BORGES
Elogio de la Sombra (1969)
(Trad. A.M.)
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