14.6.07

Manoel de Barros (A namorada)





A NAMORADA






Havia um muro alto entre nossas casas.
Difícil de mandar recado para ela.
Não havia e-mail.
O pai era uma onça.
A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por
um cordão
e pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a namorada respondesse pela mesma pedra
era uma glória!
Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira
e então era agonia.
No tempo do onça era assim.




Manoel de Barros




Fontes: Releituras (bio+biblio+6p) / Jornal de Poesia (5p+criticas+entrevistas) / Poesia.net (3p) / Blocos-on-line (9p)

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